sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Longe...


Longe do que é certo, do que é errado, do intermédio, do equilíbrio.

Longe da vida, da morte, da alma, do corpo.

Longe do que fui, do que sou, do que estou destinada a ser.

Longe da calma, da tormenta, do ruído e do silêncio.

Longe do real, do sonho, do sorriso e do choro.


Longe da terra, do céu, da dor e da felicidade.

Longe do sentido, da loucura, do sentimento e da raiva.

Longe, tão longe... estou longe de tudo o que está perto, de todos os que querem estar perto!

POSTED BY: D.SILVA

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

ESCRITA

Sinto-me cansado.
Sem vontade de escrever.

Passo linhas à frente.
Faço o que me apetecer.
Escrevo sem métrica
E   S E M   E S P A Ç A M E N T O.
EM MINÚSCULAS? em maiúsculas?
Palavras sem tratamento. 
Enervam-me as exclamações!
Irritam-me as reticências...
iniciar com letra GRANDE?
Não. Deixo para outras ciências
Que abusam dos advérbios,
Que pagam com provérbios
Uma escrita formatada
E uma língua maltratada.
etc.
etc.
etc.
etc.
Rima fácil esta.
Igual e de continuidade.
"Etecéteras" é coisa que não presta.
Vá, quero liberdade.

posted by: Fangueiro


sábado, 21 de fevereiro de 2009

FLASH


Dizem-me que vai e que não volta!

Dizem-me que a pele envelhece e as rugas rasgam-me o rosto.

Contam-me historias de vento e de sol. De dias de chuva. Dias de frio

Conta-as por mim.

Diz-lhes que um dia eu tinha rugas. Mas de expressão. Conta-lhes o que fui.

Contam-me que os dedos dobram e os olhos fecham. Contam-me que o cabelo fica cor da neve e que a neve cai!

Diz-lhes que um dia a minha neve era cor chocolate negro e te deliciava!

Contam-me que o peso da alma torna-se maior. Que o rasgo dos dias nao tem fim e que o choro é igual ao sorriso! Contam-me que as batalhas são asas de aves que abrem e não fecham!

Diz-lhes que um dia as tive. E que nunca as fechei.

Contam-me que os dias são ponteiros de relógio que não param. Contam-me que os ponteiros são motores da vida que enfraquecem!

Contam-me que a cor dos dias fica cinzenta. Que as flores murcham. Que a tua voz fica mais leve e mais fraca!

Diz-lhe que as cores para mim eram tubos de tinta espalhados pelo chao. Que as flores viviam sempre vivas. Num movel em cima do quarto. Diz-lhes o quanto a minha voz é estridente. Que baixa de tom quando se envergonha...

Contam-me coisas de encantar. De chorar. E de ficar. Contam-me pedaços de mim, de ti e deles.

Diz-lhes que um dia eu desci a calçada a cantar. Que a desci a gritar. Que a desci a sorrir.

Diz-lhes.

Se os meus olhos cerrarem o mar continuará azul. Que serei o eterno apaixonado do vento e do rasgo dos teus olhos.

Diz-lhe com quantas cores te pintei. Com quantas cores colori a vida.

Mas diz-lhes por favor. Com quantos sorrisos te encontrei. Com quantos te arrastei. Com quantos te convenci. Com quantos te fiz feliz.

Diz-lhes o que é ser feliz.

posted by: MEIXEDO

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Amor

Corpo... frio... É tudo o que vê a minha alma... único pedaço de mim que ainda está quente, que ainda sente. Sou eu? Se não, então quem é? Estou num transe sem fim que se apodera do que é meu tornando-o no que é teu.
A minha vida é agora um filme cujo guião não sou eu que escrevo. A produção é minha... mas a realização é tua. Há coração mas não há mão, não há cabeça, não há chão. Não existo eu, existes tu... em mim. O meu "eu" ainda existe... porque tu insistes ele persiste. O teu "eu" é o meu, quase como se não soubesses o que é teu. Não deixamos a vida, simplesmente vivemos com mais força. É confuso, estranho, torna-me impaciente. Ao mesmo tempo é calma, harmonia e torna-me resistente.
Não vejo a escuridão, foi luz o que me cegou... Amaste-me com um sorriso, seguraste-me com um abraço... Fizeste de mim a tua vida como eu fiz de ti a minha.
Não sou eu, nem és tu... Somos nós!

Posted by: D.Silva

sábado, 14 de fevereiro de 2009

VIDA

Rugas.
Rugas de expressão. De vida.
Marcas de um sol antigo.
De sombras e de mágoas 
Que cravam. Que escavam.
Traços de experiência
Com sorrisos disfarçados
E gargalhadas sentidas.

Sinais.
Pontos do corpo.
Guias quase celestiais
de astros terrestres e de pele.

Cansaço.
De uma vida dura
Ou leve. Marcada.
Traçada 
Trocada
Vivida.

Texto: Fangueiro
Ilustração: Meixedo

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Conta-me!

Reflecte, não me digas que não o tens. Sê verdadeiro.
Conta-me como fazes.
Essas tuas palavras feitas de coisas acertadas. Coisas de um livro. Coisas de mim!
Conta-me como trabalhas os meus sonhos e como neles morres. 
Fala-me do teu beijo doce. Do teu afecto. 
Crava em mim esses versos de poemas. Pinta-me palavras insubstituíveis. Rasga-me a felicidade na tua voz.
Agora possui a minha alma e corrompe-me a liberdade.
Escuta-me. Mostra-me esse teu olhar no meu silêncio. De melodias e confissões! 
Agora... agora ama-me!

domingo, 8 de fevereiro de 2009

DAS PALAVRAS À MÚSICA


Olhar-te nos olhos - Catarina Munhá

Um "presente" de uma leitora da tertúlia. Obrigado Catarina.

Música de CATARINA MUNHÁ.
Letra de PAULO MEIXEDO feat. CATARINA MUNHÁ

Inspirado no texto: OLHAR-TE PROFUNDAMENTE

posted by FANGUEIRO

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Reencontro


Não sei se te conheço
É possível mudar?
Não sei se te tenho apreço
É possível continuar?

Não sei se há amizade
É possível perceber?
Não sei se há vontade
É possível conceber?

Não sei se há confiança
É possível impulsionar?
Não sei se há esperança
É possível tentar?

Não sei se queres sorrir
É possível abraçar?
Não sei partir
Posso ficar?

Não sei o que somos
Nem o que temos
Não sei o que fomos
Nem o que sofremos.

Sei que nos encontramos
Para quê ressentir?
Sei que nos amamos
Porque não insistir?

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

ACTO DE ARTISTA

Pinta-me com tinta transparente.
Tintas de café e chocolate.
Falas com caneta permanente
De cores de espectro e de esmalte.


Pós de azedume e canela
Polvilhadas a pastel violeta.
Ou a carvão numa tela,
Pintas a lua num voo de borboleta.


No cavalete do horizonte,
Penduras o quadro
Nas pontes, na ponte!
Nas pinceladas do teu adro.


E num acto de artista,
Riscas um plano de areia.
Fazes linhas de trocista.
Do meu rosto, um pé de meia.


No céu de tom carmim
Teces meandros de azulejo.
Fazes desaguar em mim
O Douro com formas de Tejo.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

A espera


Morrer lentamente
Sentir frio num corpo quente.
Estar só entre a multidão
Caminhar sem direcção!

Olhar quando se está cego
Arriscar e magoar o ego.
Viver sem respirar
Estender a mão sem alcançar!

Abraçar a fingir
Chorar… porque não sorrir?
Amar sem coração
Pedir e não ter perdão!

Saber sem conhecer
Lutar e nunca vencer.
Querer vinho e só ter água
Sorrir por entre a mágoa.

Ter fé mas temer
Chegar e desaparecer.
Optar e falhar
Tudo isto é ESPERAR...

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Confidentes

Acordei.
Abri os olhos da mesma maneira. Desci a mesma rua. Mas o sol já não brilhava.
Uma avenida feita de música que me entope o pensamento. Um banco de jardim!
São as paredes gigantes, quentes e sombrias. São estas as gastas que gemem e me acusam! Olham-me!
Acusam-me!
Gritam mas não sabem do que falam! Caiem. Não se tornam a levantar. 
Fitam e amarram! Essa maneira pela qual me aprisionam. Pela qual me querem! 
INVADAM-ME. Peço-vos: Invadam-me!
Sangrem-me na voz o vosso gritar. O vosso olhar se me vê-des. Rasguem-me a pele que nunca me foi dada e presenciem. Presenciem-me! É nosso!
Não me digam que não vos importa que a chuva morra nos telhados. Digam-me que não querem. Nem sabem se a luz afoga as vossas ruas. A vossa alma não sabe mentir! 
Saboreiam os mesmos motivos. Determinam em primeira linha. Pelo grau. Pelo sentido. Pelo que vos foi dado. 
E libertam-se!

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

GUIÃO

Como a folha de um guião.

Tento escrever as minhas falas,

Esvaziar as minhas malas,

Criar em mim a solidão.


A minha vida escrita,

Num acto de bem querer

Que tudo não é perder.

Frases de vida transcrita.


Qual é o meu papel?

Actor de um palco infinito.

Diálogo que eu permito,

Seja ele azedo ou mel.


Sentir a ficção do mundo real,

De um filme sem sentido.

Viver um teatro comedido,

De uma novela banal.


Escreve-me tu este guião.

Não quer saber o que digo.

Peço-te como um mendigo,

Escreve-me! porque não?